A guerra entre Rússia e Ucrânia, maior conflito entre países europeus desde a Segunda Guerra Mundial, cria oportunidades de investimentos na bolsa brasileira, sobretudo no curto prazo.
Segundo Samyr Castro, CEO da BankRio, empresa de planejamento financeiro, o momento é propício para apostar em ações de empresas que atuam nos setores agrícola e energético.
Ele explica que, pelo cenário de escassez no mercado internacional, o preço de grãos, como o milho e o trigo, tende a subir: “Grande parte das empresas na bolsa brasileira são commodities e, para elas, o impacto foi positivo por causa da escassez. No mercado agro, o preço dos grãos já sofre impacto: soja, milho e trigo, por exemplo, estão subindo no mercado à vista e no futuro”.
É importante lembrar que Rússia e Ucrânia, juntas, são responsáveis por cerca de 30% da produção global de trigo.
O Brasil, por ser um grande exportador desses produtos, pode substituir as exportações russas, que estão em queda desde o início do conflito. Além disso, por estar distante geograficamente da guerra, inspira confiança nos investidores estrangeiros, que devem apostar no país neste momento.
A alta no preço do petróleo, cujo barril já ultrapassa US$ 100, também tende a favorecer investimentos na bolsa brasileira, já que o país exporta bastante este produto.
Por outro lado, esse aumento dos preços dos setores alimentício e energético ajuda a pressionar a inflação, em alta no mundo todo.
Os Estados Unidos, por exemplo, registraram a maior das últimas quatro décadas, o que fez com que o Banco Central americano aumentasse a taxa de juros no país.
No Brasil, a inflação de março, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo) foi de 1,64%, a maior para o mês desde 1994.
Para Samyr, porém, investir na bolsa é sempre um risco, sobretudo no setor de commodities, como o agrícola.
Ele ainda diz que o cenário no médio e longo prazo é incerto, mas a tendência de alta nos preços “deve se manter pelo menos até o final do ano”.
Outro fator que pode tumultuar o ambiente de negócios são as eleições presidenciais, que ocorrerão em outubro.
Ele acredita que o pleito pode criar instabilidade política e econômica, o que afastaria investidores estrangeiros.
Nesse contexto, algumas medidas podem ser tomadas para aproveitar melhor o momento, como explica Samyr Castro: “Uma das iniciativas para atrair o fluxo de capital estrangeiro para o país e, assim, controlar o câmbio e reduzir o impacto da inflação é a isenção do Imposto de Renda sobre aplicações de investidores estrangeiros em títulos privados de empresas brasileiras, anunciado no dia 1 de março”.
Por fim, ele ainda alerta que, por mais que o cenário seja favorável, é preciso acompanhá-lo de perto: “Conforme a guerra avança, vários setores podem ser atingidos. A dica é diversificar e acompanhar”, explica.
*Estagiário do R7, sob supervisão de Marcos Rogério Lopes.