A Rússia lançou uma grande ofensiva no leste da Ucrânia, abrindo uma nova fase de sua invasão após a retirada de suas tropas do norte e da região de Kiev há algumas semanas. A informação foi confirmada pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelenski nesta terça-feira (19)
Desde o remanejamento, a campanha militar de Moscou se concentrou no leste de Donbas, composto principalmente pelas regiões de Luhansk e Donetsk, parcialmente controladas por rebeldes pró-Rússia desde 2014.
“Agora podemos dizer que as tropas russas iniciaram a batalha por Donbas, para a qual estão se preparando há muito tempo”, disse Zelenski em um discurso transmitido pelo Telegram. “Não importa quantos soldados russos sejam trazidos para cá, vamos lutar. Vamos nos defender”, disse ele.
Nas semanas anteriores, as autoridades ucranianas tentaram evacuar o maior número possível de civis do leste do país, alvo de crescentes bombardeios. Controlar Donbas daria a Moscou um corredor pela costa sul da Ucrânia até a península da Crimeia, que a Rússia anexou em 2014.
O grande obstáculo nessa ambição continua sendo a cidade portuária de Mariupol, onde as forças ucranianas ignoram o ultimato russo e mantêm resistência. “A cidade ainda não caiu”, disse o primeiro-ministro Denys Shmyhal.
Uma fonte do Departamento de Defesa dos EUA garantiu que, embora a situação seja desesperadora, esta cidade, às margens do mar de Azov, “ainda é disputada”.
Este responsável indicou que a Rússia acrescentou onze grupos de batalhões táticos (com artilharia, helicópteros e apoio logístico) às suas forças no leste da Ucrânia, com as quais já conta com 76 em todo o país.
O primeiro pagamento de um pacote de ajuda militar de US$ 800 milhões anunciado na semana anterior pelos Estados Unidos, que inclui helicópteros, veículos blindados e obuses, também chegou à Ucrânia na segunda-feira (18).
Sem corredores humanitários
Pelo terceiro dia consecutivo, nenhum corredor de evacuação de civis pode ser organizado na Ucrânia devido à falta de acordo com o lado russo, anunciou a vice-primeira-ministra ucraniana Iryna Vereshchuk.
“Hoje, 19 de abril, infelizmente não há corredor humanitário. O bombardeio intenso continua em Donbas”, no leste do país, explicou Vereshchuk no Telegram.
Vereshchuk disse que “os russos se recusam a abrir um corredor” para evacuar civis da cidade portuária sitiada de Mariupol para Berdyansk. “Continuamos com as difíceis negociações para os corredores humanitários nas regiões de Kherson e Kharkov” no sul e no leste, respectivamente, acrescentou.