sábado, abril 27, 2024

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Análise de SD Gundam Battle Alliance

Após o lançamento de Mobile Suit Gundam Extreme Vs. Maxiboost On (vamos esquecer Mobile Suit Gundam Battle Operation Code Fairy, né?) no PlayStation 4, uma excelente adaptação do popular arcade japonês com batalhas de dois contra dois, a Bandai Namco tornou a apostar suas fichas de Gundam em uma aventura protagonizada pelas versões “cabeçudas” dos nossos mechas favoritos, tal como fez em SD Gundam G Generation Cross Rays.

Desenvolvido pelo estúdio japonês Artdink Corporation, que já havia trabalhado em outros títulos da série para o PSP e PlayStation Vita, SD Gundam Battle Alliance é uma verdadeira celebração aos mais de 40 anos da franquia. Dezenas de sagas estão muito bem representadas aqui: Gundam Wing, Zeta Gundam, Iron-Blooded Orphans, Gundam 00 e por aí vai.

Fonte:  Voxel 

Trata-se de um RPG de ação cooperativo para até três jogadores, cuja maior virtude é ter um gameplay agradável e descomplicado. A história, porém, por abranger muitos personagens e acontecimentos, passa bem longe de ser uma porta de entrada a quem deseja ingressar no universo de Gundam, apesar de ser boa o bastante para sustentar o interesse de quem já é fã. Confira os detalhes em nossa análise:

Histórias distorcidas

Se você nunca teve a oportunidade de conhecer Gundam, sugiro fortemente que assista aos três primeiros filmes (todos disponíveis na Netflix, aliás) antes de partir para o SD Gundam Battle Alliance, pelo menos para ter um contexto. “Quem avisa, amigo é”, já dizia o velho ditado. Caso contrário, prepare-se para se frustrar com uma narrativa complexa do início ao fim.

A jornada de Battle Alliance é situada no G: Universe, um mundo simulado no qual os dados do universo Gundam foram armazenados. Esses dados, no entanto, a partir de um fenômeno conhecido como ruptura, foram corrompidos, distorcendo os acontecimentos entre mundo real e virtual.

Fonte:  Voxel 

No fim das contas, a premissa se resume a corrigir os eventos conforme o cânone no G: Universe e descobrir o motivo pelo qual as histórias estão sendo modificadas — isso antes que o mundo real seja afetado por completo. Para desvendar o mistério, o nosso piloto recebe a ajuda de Juno Astarte, uma competente programadora do Esquadrão Gatheroad.

Devido às falhas na linha temporal, mobile suits, heróis e inimigos de diferentes eras passam a se encontrar no campo de batalha. É realmente muito bacana revisitar algumas das principais lutas da série, agora sob uma nova ótica, com personagens de épocas distintas protagonizando os crossovers mais inesperados da história de Gundam.

Conforme comentei no início do texto, o enredo é destinado a quem já é adepto da franquia e está familiarizado com as sagas exploradas nesta jornada. Pelo fato de o título apresentar os eventos com uma certa pressa, isto é, sem dar tantos detalhes, tudo acaba ficando muito vago ao jogador que chegou agora e está tendo o primeiro contato com os mobile suits.

Fonte:  Voxel 

O mais surpreendente, por se tratar de um game de Gundam, é que os textos estão 100% em português do Brasil e respeitam muitos dos termos que estamos acostumados a ler nas legendas do anime. É notável que houve um trabalho de pesquisa da equipe de tradução na hora de localizar o conteúdo — ela não simplesmente seguiu à risca o material original. Nada mais justo que pedir uma salva de palmas à Bandai Namco Brasil pela graça alcançada.

Combate simples e sem muita firula

Embora a história tenha seus pontos altos e esteja à altura do que a franquia costuma ofertar, o que realmente importa em Battle Alliance é o combate cheio de robôs bonitos. Se eu tivesse que chutar, diria que as batalhas representam uns 90% da experiência.

Controlar o seu robozão gigante aqui é bem mais fácil que em Gundam Versus e Mobile Suit Gundam Extreme Vs. Maxiboost On, por exemplo, apesar de a movimentação ser mais cadenciada — e, às vezes, um tanto desajeitada. O ritmo não chega a ser o de um hack and slash, mas há momentos em que o game flerta com o gênero, especialmente quando a tela está abarrotada de Plumas.

Fonte:  Voxel 

Você pode desferir ataques fracos e fortes, defender, se esquivar e utilizar armas auxiliares, além dos armamentos principais, para compor os combos. O segredo do combate é saber o momento certo de atacar e neutralizar as investidas inimigas, seja com um quebra-combo, a ser usado para se desvencilhar de uma sequência quando estiver sofrendo dano, ou com uma guarda perfeita, que mais funciona como um parry.

O esquema de gameplay tem todas as nuances de Gundam e se mostra mais robusto à medida que você enfrenta mobile suits e mobile armors mais exigentes, mas nada que demande muito treino. Em outras palavras, o sistema de batalha é intuitivo o suficiente para não “amarrar” o jogador em tutoriais longos e desgastantes, ainda que eles existam.

Outro aspecto interessante de Battle Alliance é que os mechas têm classes e estão divididos em três categorias: atiradores, generalistas e lutadores. Os lutadores, por exemplo, não são apropriados para conflitos a distância, mas sabem desferir como ninguém golpes próximos, além de terem uma barra de vida maior.

Fonte:  Voxel 

Já os generalistas, que nada mais são que robôs com habilidades equilibradas, têm especiais poderosos e um maior tempo de cancelamento de ataques. À primeira vista, as classes parecem não fazer tanta diferença, mas cada uma delas é especializada em um estilo de combate — sendo assim, é sempre bom ter uma segunda ou terceira opção de mobile suit “na manga” para encarar chefes com características específicas.

Progressão e sistema de diagrama, o principal chamariz

A aventura de Battle Alliance é dividida em pequenas fases lineares cuja duração raramente ultrapassa os 10 minutos. A estrutura de jogo se resume a concluir missões, aumentar o nível dos robôs, estreitar a amizade com pilotos conhecidos da série e adquirir diagramas para expandir a sua coleção de mobile suits.

Esses diagramas que mencionei por último, concedidos como prêmio tanto nas atividades principais quanto secundárias, servem para desenvolver novos tipos de MS, sendo um baita incentivo para o jogador repetir incontáveis vezes os mesmos estágios. Farmar itens, portanto, é uma ação essencial para quem almeja ter muitas opções de mechas na garagem.

Fonte:  Voxel 

Com relação ao sistema de progressão, você pode gastar Capital, a moeda do jogo, para melhorar um mobile suit ao distribuir pontos entre quatro atributos: PV, impulso, ataque próximo e distante. Também é possível equipar habilidades de diferentes níveis de raridade nos slots dos personagens, ficando a critério do jogador definir quais se adequam às características de cada um.

Se analisarmos a parte estrutural de Battle Alliance, ele realmente carece de complexidade e tem uma “carinha” de jogo de celular, mas eu particularmente não vejo isso como algo negativo — levando em conta o que ele se propõe a fazer, é claro. Me dei por satisfeito com todos os sistemas e permaneci empenhado em jogar, de maneira totalmente descompromissada, só para evoluir a minha coleção de mechas SD.

Basicamente, é um game ideal para satisfazer o jogador que só quer apreciar duelos de robozões estilosos — ainda que em versões “minicraque” — com boas doses de pirotecnia, numa roupagem clássica de anime dos anos 1980. É o tipo de experiência viciante que te faz repetir a si mesmo “só mais uma partida” depois de ter finalizado umas dez, sabe?

Fonte:  Voxel 

Multijogador problemático e ressalvas no visual

Como nem tudo são flores, o componente online destinado às missões cooperativas, um dos principais aspectos do novo Gundam, não funciona bem — ao menos não em seu lançamento. Há problemas recorrentes de matchmaking, ainda que seja possível jogar com usuários de uma mesma plataforma (quem está no PlayStation 4 consegue emparelhar com gente do PlayStation 5, por exemplo).

Durante o nosso período de testes no PlayStation 5, fui capaz de encontrar uma única partida após inúmeras tentativas. Confesso que funcionou bem, sim, a maior dificuldade foi realmente encontrar alguém para jogar. Se já não bastasse o matchmaking problemático, o sistema não permite cancelar a busca por partidas, então você precisará reiniciar o título caso decida permanecer no modo single-player, por mais estranho que seja.

O visual também tem suas ressalvas, com cenários desprovidos de detalhes e animações que carecem de um polimento básico. O level design confuso também não ajuda, especialmente em trechos maiores e mais labirínticos, como uma das fases noturnas de Mobile Suit Gundam em que não é possível saber para onde a sua equipe de pilotos está indo — ainda bem que há um mapa no canto superior direito da tela. Por outro lado, os mobile suits, mesmo numa estética chibi à la Medabots, são bonitos e incrivelmente fiéis às versões originais.

Fonte:  Voxel 

E sim: a trilha sonora é absolutamente incrível e traz uma seleção com quase 100 faixas, contemplando as quase 30 sagas exploradas no game. Você inclusive pode escolher a música a ser utilizada durante a execução de um ataque especial para dar uma impulsionada extra na nostalgia.

Vale a pena?

Embora tenha sido incapaz de superar suas limitações técnicas, SD Gundam Battle Alliance entrega uma aventura honesta a quem já é fã de Gundam, uma das franquias japonesas mais prolíficas do entretenimento. Não adiciona muito à história, é verdade, ao que já existe por aí relacionado à série, mas revive momentos épicos das sagas e traz um sistema de combate simples e divertido, com dezenas de mobile suits a serem coletados e personalizados. Só tenha em mente que o game pode não ser uma boa porta de entrada para quem está chegando agora.

SD Gundam Battle Alliance foi gentilmente cedido pela Bandai Namco para a realização desta análise

“SD Gundam Battle Alliance celebra a história da franquia com uma aventura honesta, apesar das ressalvas”

FONTE: R7

PEDRO SILVA
PEDRO SILVA
SÓCIO GERENTE DO JORNAL ACONTECEU.

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