O Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa está de volta a partir de hoje e até 16 de setembro, no Cinema São Jorge, em Lisboa, para mais uma viagem pelo melhor que se faz no género.
O MOTELX 2024 traz uma seleção de mais de 100 filmes de 30 países, com destaque para produções norte-americanas, francesas, brasileiras, indianas e sul-coreanas. Entre os títulos mais aguardados estão “Strange Darling”, “The Soul Eater” e “Continente”.
A programação deste ano aborda temas como a masculinidade tóxica, a violência policial, a exploração da tecnologia e a crítica social, sempre com uma pitada de horror. O festival também homenageia o cinema clássico com a exibição de filmes como “The Terminator” e “10 Rillington Place”.
Além da mostra competitiva, o festival apresenta novidades como a True Crime Night, com o documentário “The Lie”, e uma Sessão Surpresa em parceria com a FilmTwist.
Na abertura, “Não Fales do Mal”, com James McAvoy, onde uma família é convidada a passar um fim de semana numa idílica casa de campo, sem saber que as suas férias de sonho se transformarão em breve num pesadelo psicológico.
Na secção Serviço de Quarto, chegam mais propostas em estreia nacional, como os franceses “The Soul Eater”, da dupla Alexandre Bustillo e Julien Maury, que vem ao Festival mostrar uma longa-metragem sobre o ressuscitar de uma antiga lenda que desperta uma criatura maléfica, e “Animale”, da realizadora Emma Benestan, que associa a masculinidade tóxica à tortura de animais.
O cinema europeu presente neste MOTELX traduz-se ainda nos zombies filosóficos e existencialistas de “Handling the Undead”, da norueguesa vencedora do prémio Méliès d”argent em Neuchâtel (Suíça), Thea Hvistendahl; na brutalidade repugnante, filmada em plano sequência, de “One Night with Adela”, do espanhol Hugo Ruiz; e na vingança que se serve fria em “The Last Ashes”, do luxemburguês Loïc Tanson, também convidado no Festival.
Do outro lado do Atlântico, destaca-se o norte-americano “The Angry Black Girl and Her Monster”, a primeira longa-metragem de Bomani J. Story que revisita “Frankenstein” relacionando-o com a violência policial que continua a ameaçar a comunidade negra nos EUA; o canadiano “Hunting Daze”, de Annick Blanc; e os brasileiros “A Herança”, de João Cândido Zacharias, um queer horror pessoal que funde giallo com telenovela, em estreia europeia, e “Continente”, de Davi Pretto, onde a crítica social coabita com o terror clássico.
O cinema indiano de terror surge através do humor afiado e transformado em pesadelo de “Sister Midnight”, de Karan Kandhari, exibido na última Quinzena dos Realizadores em Cannes, e pela revelação de realidades sociais no road movie noturno “Stolen”, de Karan Tejpal. Ambos somam-se ao filme mais sangrento desta edição, o já anunciado “Kill”, de Nikhil Nagesh Bhat, e a mais títulos asiáticos imperdíveis: “House of Sayuri” (Japão), de Kôji Shiraishi, “The Cursed Land” (Tailândia), de Panu Aree e Kong Rithdee, “Do You See What I See” (Indonésia), de Awi Suryadi, e “Tenement” (Camboja), de Sokyou Chea (que o vem apresentar a Lisboa) e Inrasothythep Neth.
Este ano, o MOTELX preparou duas Sessões Duplas. A primeira na sexta-feira 13, com o filme holandês “Trauma Porn Club”, de Michael Middelkoop, e o norte-americano “Strange Darling”, de JT Mollner, contado em seis capítulos, que subverte os papéis do serial killer, com fotografia do actor Giovanni Ribisi. No dia seguinte, “Handsome Guys”, de Nam Dong-hyup, um remake coreano da comédia de terror “Tucker & Dale vs. Evil”, e de “Do Not Enter”, de Hugo Cardozo, um filme de found footage feito no Paraguai.
Na secção Doc Terror, o MOTELX programou “Dario Argento: Panico” (Reino Unido, Itália), de Simone Scafidi, segue de perto os rituais do eterno mestre italiano do giallo e é o primeiro filme a ser exibido no 18.º MOTELX, ao final da tarde de 10 de setembro; “Alien Island” (Chile, Itália), de Cristóbal Valenzuela Berríos, retrata a comunicação entre rádios amadoras e uma ilha habitada por extraterrestres, durante a ditadura militar chilena; e “So Unreal” (EUA), de Amanda Kramer, explora a representação do ciberespaço e os perigos ligados à tecnologia, com narração de Debbie Harry (dos Blondie), no último dia. Também a 16 de Setembro, o Festival inaugura a True Crime Night com um documentário absolutamente horrendo e chocante, “The Lie”, da realizadora britânica Helena Coan, sobre o desaparecimento de uma jovem em Auckland, na Nova Zelândia, que coloca o espectador no lugar do investigador e alerta para os perigos das relações sentimentais na era das aplicações de encontros.
Na segunda-feira, a despedida faz-se ainda com uma nova Sessão Surpresa em parceria com a FilmTwist e com “10 Rillington Place” (Reino Unido, 1971), de Richard Fleischer, a quinta e última obra do ciclo “A Bem da Nação: Os Filmes de Terror Proibidos pelo Estado Novo”.
A fechar, será exibido “The Surfer”, de Lorcan Finnegan, com Nicolas Cage no papel principal.