O dólar desabou cerca de 15% desde a virada do ano, indo de R$ 5,57 para R$ 4,69 até o pregão de segunda-feira (11). O motivo para a queda é a entrada de mais investimentos no Brasil, por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia e o aumento dos juros para controlar a inflação no país.
“Como a Rússia é um país com economia em desenvolvimento, similar à do Brasil, os fundos de investimento antes da guerra que aplicavam nesse mercado tendem a buscar países parecidos. Além disso, nos últimos meses a taxa Selic aumentou cerca de 8% e os juros altos atraem investidores estrangeiros, aumentando o nosso fluxo de dólar”, explica Hugo Garbe, economista chefe da G11 Finance e professor da Universidade Mackenzie.
Para a chefe de economia da corretora Rico, Rachel de Sá, o preço do dólar baixo não significa uma sobrevalorização do real, mas sim que a moeda americada “está chegando mais perto de um patamar estrutural, em que já deveria estar se não fossem ruídos domésticos, fiscais e políticos”.
Comprar dólar ou esperar?
No segundo semestre, com a proximidade das eleições, a tendência é que a moeda americana fique mais cara e também passe a variar mais, dizem os especialistas. “Historicamente, em períodos de eleição no Brasil, o dólar sobe, porque é um momento de incerteza”, avalia Hugo Garbe.
Esse é principal motivo para o economista da G11 Finance aconselhar comprar a moeda americana neste momento: “Não dá para ficar apostando em uma queda maior ainda, porque há muitos variáveis envolvidas”, justifica. Garbe indica ainda que quem for viajar vá comprando dólares pouco a pouco.
O que muda com a queda do dólar?
A queda do dólar deve aquecer apenas setores muito específicos, segundo a chefe de economia da Rico.
Segundo Rachel de Sá, os mercados de viagens e de bens de luxo podem ser beneficiados. Mas ela é pessimista em relação ao controle dos preços no país. “É fato que a queda do dólar ajuda a conter a elevação nos valores dos alimentos, porém com a inflação alta dessa forma, não devem ser sentidas muitas mudanças”, diz.