Ele se chama Fausto Carvalho, 40, é humorista com cerca de 20 anos de carreira, mas ficou conhecido mesmo só recentemente devido ao sucesso de seu personagem, o Jorginho, uma caricatura dos chamados “faria limers“, termo usado para se referir à pessoa com alto poder aquisitivo e que trabalha na região da Faria Lima, um conglomerado financeiro de São Paulo.
“É impressionante como, da noite para o dia, a gente começou a fazer o personagem virar. [Foram] vinte anos esperando tudo isso acontecer. [Isso se chama] resiliência”, resumiu Fausto, em entrevista ao R7.
Jorginho foi criado meio que no improviso, ainda no ano passado, quando o comediante observou uma quadra de beach tennis — esporte geralmente praticado pela elite — durante um evento empresarial em Florianópolis (SC). O vídeo da apresentação viralizou.
Fausto então percebeu o potencial do personagem e decidiu publicar mais vídeos: munindo-se de sotaque e bordões exagerados, uma peruca loira, shorts acima do joelho e camisa polo apertados, além do famoso suéter que não pode faltar, Jorginho caiu nas graças das redes sociais e (pasme!) da Faria Lima também.
“Eu tento fazer uma brincadeira sadia, um negócio que não vai levar para o sentido pejorativo. Se for para magoar, eu prefiro não fazer. Se for para mexer com política, eu prefiro não fazer. O meu personagem é herdeiro, não está nem aí para a política. O Jorginho é blasé, mas quer ser legal”, afirmou.
Fausto conseguiu furar a bolha e, em um ano, o comediante saiu dos 4 mil para os atuais 776 mil seguidores no Instagram, com milhões de visualizações nos vídeos bem-humorados — algo inimaginável até pouco tempo atrás, quando ainda trabalhava como animador de eventos — interpretando o apresentador Silvio Santos — e cobrava cerca de R$ 2 mil.
Fausto: “Jorginho foi a minha salvação”
Mas até alcançar esse sucesso, nem tudo foi fácil: ao R7, Fausto revelou que Jorginho foi criado quatro dias depois de ter R$ 32 mil de sua conta roubados. Estava desesperado, sem dinheiro e devendo algo para o banco que, segundo ele, não devia.
“Eram R$ 20 mil reais que eu tinha [na conta] e mais R$ 12 mil de limite. E aí eu fui para o evento chorando, sem saber o que fazer. Foi um período muito difícil”, relembrou ele.
O evento era de quatro dias: no último, então, houve a ideia de fazer o personagem.
“[Jorginho] Foi a minha salvação, até porque eu vinha pedindo pra fazer um personagem diferente, um personagem que entrasse na mídia e no coração das pessoas”, completou.
O personagem cresceu, e Fausto começou a monetizar as redes sociais também: na lista de patrocínios estão bancos, corretoras e marcas de roupa; esteve em Roland Garros, na França, ao lado de multimilionários; fez parcerias com mais de 100 empresas; ganhou um carrão — que é utilizado nas gravações —, e faz até publiposts para o veterinário da cachorrinha de estimação.
Antes, Fausto cobrava o valor de R$ 2 mil para participar e animar eventos. “Agora, as coisas mudaram um pouco, né?”, disse ele, que prefere não revelar valores.
O humorista também participou de A Grande Conquista, fazendo comentários sobre o reality show da Record TV, que consagrou Thiago Servo como campeão na final da última quinta-feira (20). “Fiz esse trabalho muito legal. Eu nunca imaginei que, um ano depois, eu não saberia dizer tudo o que aconteceu e vem acontecendo.”
• Compartilhe esta notícia no Whatsapp
• Compartilhe esta notícia no Telegram
Nascido em Diadema, município da região metropolitana de São Paulo, Fausto Carvalho, de 40 anos, diz que a sua realidade está longe de ser a de Jorginho — apesar de, hoje, morar com a esposa, Lilia Rocha, em um apartamento confortável, em Santo André, no ABC paulista.
“Imagina… Eu tenho um apartamento de 54 m². Sou super simples, gosto de jogar bola. Venho de um bairro bem simples, onde os meus pais (um metroviário e uma assistente social) tiveram dificuldades para criar a gente (claro, não com luxo, mas também não passamos fome)”, conclui.