Na última semana, a conhecida rede de hamburguerias paulista Bullguer informou estar enfrentando dificuldades financeiras. Com uma dívida acumulada de R$ 113 milhões, a empresa passou por uma renegociação que contemplou um deságio de 70%. Assim, a empresa apresentou planos para uma tentativa de se recuperar da crise econômica e das dívidas que vinham se acumulando nos últimos anos.
De acordo com Eduardo Scarpellini, sócio da consultoria financeira EXM Partners, a empresa enfrentou discretamente a crise, evitando impactos visíveis para os consumidores. A renegociação, aprovada pela maioria dos credores, prevê o pagamento do saldo devedor ao longo de 13 a 15 anos, com uma carência inicial de 14 meses.
O que ocasionou a crise financeira?

Para entender melhor o que levou aos problemas financeiros da empresa, é necessário entender os caminhos que levaram ela até lá. Neste caso, a trajetória da Bullguer, que conquistou milhões de clientes paulistanos com seus hambúrgueres artesanais desde 2015, teve um revés em 2019, quando um desentendimento societário levou à cisão entre os fundadores.
Além disso, a pandemia de 2020 agravou a situação do setor alimentício, afetando não apenas a Bullguer, mas também concorrentes de porte, como o Madero.
Conforme informa o advogado Arthur Arsuffi, sócio do escritório RST&A, a crise societária foi o que gerou a situação atual. Dessa forma, os financiadores originais buscaram realizar lucros, vendendo suas ações à holding, e um acordo foi estabelecido no final de 2019. No entanto, a pandemia trouxe instabilidade ao setor, prejudicando as receitas e afetando o caixa da empresa.
A pandemia não apenas impactou as vendas da Bullguer, mas também trouxe complicações para compensar a queda no faturamento. Por isso, a estratégia de aumento do serviço de delivery entrou em conflito com as altas taxas cobradas pelas empresas parceiras, representando mais uma dificuldade para a empresa.
Em uma situação desfavorável, sem ter outras opções, a empresa fechou quatro unidades deficitárias, mas manteve 22 unidades próprias e 10 franquias em operação. Além disso, buscou alternativas, como parcerias em eventos e a adoção do modelo de lojas contêiner, tentando conseguir lucros maiores e garantir mais flexibilidade aos clientes.
O processo de recuperação judicial
O processo de recuperação judicial da Bullguer foi longo, tendo que enfrentar diversas crises ao longo do caminho, incluindo ações judiciais por parte dos antigos sócios investidores. Alguns especialistas destacaram que a sensação era de falta de transparência e abuso do instrumento de recuperação judicial por parte dos credores.
Apesar de todas as divergências, o plano de recuperação judicial foi aprovado pela maioria dos credores, permitindo à Bullguer seguir em frente. A empresa busca agora um novo aporte para investir na ampliação da rede e superar a crise financeira. Embora os especialistas informam que o processo está longe de chegar ao fim.
Por enquanto, ainda não é possível dizer qual será o futuro da Bullguer, então é necessário aguardar por novas informações.