Embora continue a projetar o dólar a R$ 4,70 e a Selic a 9% no fim do ano, a XP passou a atribuir um risco altista às suas projeções tanto para o câmbio quanto para a taxa básica de juros. “Nossa confiança nessas previsões diminui desde o mês passado”, aponta a equipe de economistas da XP em relatório divulgado nesta quinta-feira.
Em relação ao câmbio, o economista Rodolfo Margato observa que o real não se apreciou conforme as expectativas da XP e da maioria do mercado no início deste ano. Para ele, a postura mais conservadora do Federal Reserve (Fed), a piora dos termos de troca frente ao ano passado e os ruídos políticos domésticos reduziram a atratividade da moeda brasileira.
“Ainda vemos espaço para apreciação ao longo do ano, especialmente no segundo semestre, mas reconhecemos um viés altista para a nossa previsão de taxa de câmbio a R$ 4,70 por dólar no fim de 2024.”
Margato, contudo, enfatiza que os modelos da XP baseados em fundamentos econômicos não justificam a taxa de câmbio brasileira acima de R$ 5 por dólar de forma persistente.
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Da mesma forma, a XP diz haver um risco altista em sua projeção para a Selic de 9% ao fim do ano. “O risco é para cima, em nossa visão”, diz o economista-chefe da casa, Caio Megale. “Se as previsões do mercado para a inflação de 2025 realmente começarem a subir, o Copom poderá optar por pausar o ciclo de flexibilização mais cedo, com a taxa Selic dentro do intervalo de 9,25% a 9,75%.”
“A inflação está acima da meta e não vemos nenhum fator importante que possa reduzi-la nos próximos trimestres. Entendemos que as projeções de mercado para o IPCA de 2025 — atualmente ao redor de 3,5%, de acordo com a Pesquisa Focus do BC — irão convergir para a nossa expectativa de 4% em algum momento”, diz Megale. “Se estivermos corretos, será difícil justificar um corte muito maior na taxa Selic.”