Presente em centenas de reações do corpo, o magnésio virou aliado no tratamento de dores crônicas, melhora do sono e regulação da pressão arterial
Responsável por mais de 300 reações bioquímicas no corpo humano, o magnésio é um dos minerais mais relevantes para a saúde humana. Ele participa de processos fundamentais, como contração muscular, produção de energia celular, formação de ossos, regulação da pressão arterial e síntese do material genético.
Portanto, não à toa, a falta de magnésio pode afetar praticamente todo o corpo, com sintomas que vão de fraqueza, cãibras, mudanças de humor até ritmo cardíaco irregular.
Nos últimos anos, o magnésio ganhou destaque para melhorar o sono e amenizar a ansiedade, viralizando nas redes sociais.
Em entrevista ao portal VivaBem, do UOL, a nutricionista Lucila Santinon destaca que ele é essencial para o metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas. “O magnésio contribui na formação de ossos e dentes, metabolismo energético, equilíbrio de eletrólitos, funcionamento muscular e divisão celular”, explica a especialista.
Função muscular e energética
Uma das funções mais conhecidas do magnésio é a atuação no correto funcionamento muscular.
De acordo com o médico clínico Kishan Vithlani, do NHS, do Reino Unido, citado pelo portal Healthline, contrações involuntárias, espasmos ou cãibras podem ser indícios da deficiência do mineral. “Em casos mais graves, a carência de magnésio pode causar até mesmo convulsões em decorrência do desequilíbrio do cálcio intracelular.”
O magnésio também é fundamental para a produção de energia nas mitocôndrias. Em entrevista ao portal Terra, a nutricionista Ingrid Albuquerque afirma que “o magnésio participa da síntese das moléculas de ATP, principal elemento energético do organismo”.
A forma de suplementação que tem se destacado, especialmente, é o magnésio dimalato. Os componentes dele operam no ciclo de produção energética celular, sendo indicado para pessoas com fadiga crônica e fibromialgia.
Esta apresenta a mistura do magnésio com o ácido málico, que participa do ciclo de Krebs. Conforme a nutricionista Marcella Garcez, em entrevista ao site Metrópoles, “o magnésio dimalato é bem tolerado [pelo organismo] e pode minimizar sintomas de cansaço persistente”.
Controle da dor e relaxamento
O magnésio auxilia na regulação dos impulsos nervosos e no relaxamento muscular, podendo ser especialmente útil para quem lida com dores crônicas.
A Associação Brasileira de Fibromialgia aponta que pacientes com a doença costumam apresentar níveis baixos de magnésio. De acordo com estudos publicados na Revista Brasileira de Reumatologia, usando suplementos de magnésio associados ao tratamento convencional, observa-se melhora nas dores musculares.
Pressão arterial e metabolismo
O magnésio tem papel também na regulação da pressão arterial, atuando como relaxante natural da musculatura lisa dos vasos sanguíneos.
Em matéria publicada na Folha de S.Paulo, as nutricionistas Evelin Azevedo e Constança Tatsch explicam que “o magnésio atua como um bloqueador natural dos canais de cálcio, auxiliando na dilatação”.
Além disso, o magnésio é cofator de várias enzimas do metabolismo energético e influencia a ação da insulina, tornando-se importante também na prevenção de doenças como o diabetes tipo 2.
A deficiência do mineral, conforme artigo da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, está associada à resistência insulínica.
Saúde dos ossos
Apesar de o cálcio e a vitamina D serem mais mencionados, o magnésio também é indispensável para a saúde de ossos. Cerca de 60% do magnésio do corpo está armazenado nos ossos.
Segundo a nutricionista Priscilla Primi, entrevistada pelo VivaBem/UOL, “o magnésio participa da ativação da vitamina D renal, fundamental para a absorção do cálcio”.
Alimentos ricos em magnésio
O magnésio é amplamente encontrado na natureza. Boas fontes do mineral incluem vegetais de folha verde-escura, como espinafre e couve, sementes de abóbora, girassol e gergelim, leguminosas como feijão e lentilha, castanhas do Brasil e caju, amêndoas e grãos integrais, como aveia e arroz integral.
De acordo com estatísticas do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), 100 g de sementes de abóbora podem ter mais de 500 mg de magnésio.
Quando suplementar?
Embora uma alimentação equilibrada geralmente seja suficiente, a suplementação pode ser recomendada em casos com baixa ingestão alimentar, uso de diuréticos a longo prazo, alcoolismo, doenças intestinais e para idosos.
Em entrevista ao Metrópoles, o nutricionista Ney Felipe Fernandes destaca que os tipos de magnésio possuem diferentes indicações e devem ser escolhidos baseando-se no propósito e na tolerância da pessoa.
Entre os tipos mais conhecidos, o magnésio dimalato costuma ser indicado para casos de fadiga crônica e fibromialgia, graças à sua alta biodisponibilidade e boa tolerância. Já o magnésio glicinato tem efeito relaxante e contribui para a melhora da qualidade do sono, sendo recomendado em situações de insônia ou ansiedade.
O magnésio cloreto é eficaz no relaxamento muscular e na prevenção de cãibras, podendo inclusive ser utilizado de forma tópica. O magnésio citrato, com boa absorção, auxilia especialmente o funcionamento intestinal. Por fim, o magnésio treonato pode influenciar positivamente funções cognitivas.
A suplementação com magnésio pode trazer reais benefícios em condições específicas como fadiga crônica, desde que indicada por um profissional qualificado. A automedicação pode ser inadequada e provocar efeitos adversos como diarreia, mal-estar e desequilíbrio mineral, sendo imprescindível avaliação clínica para determinar a necessidade e o tipo mais apropriado de suplemento.