O pop não para: é intenso, exige entrega total e pede sempre mais de quem escolhe viver dele. É para os fortes! Candy Mel está nessa estrada há muito tempo, abrindo caminhos, inventando estéticas e marcando presença com uma autenticidade. Hoje (29), ela celebra um dos passos mais importantes da sua trajetória com o lançamento de “5 Estrelas”, seu primeiro álbum solo.
Em conversa com o POPline, no quadro Tá On, a cantora falou sobre o disco que reúne 11 faixas produzidas por Nave e Fejuca, além de participações luxuosas de Liniker, MC Tha, Rico Dalasam e Jup do Bairro.
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Foto: Ivan Erick
Mais do que um álbum, “5 Estrelas” é o resultado de um processo longo e profundo de criação, no qual Candy Mel reuniu referências musicais, afetivas, estéticas e espirituais para dar forma a uma obra que é, ao mesmo tempo, íntima e expansiva. A colaboração da artista com os produtores Nave e Fejuca foi fundamental para fomentar esse projeto que, como ela conta, foi marcado pela delicadeza e pela entrega.
“Eu lembro de quando a gente tava tentando definir qual seria o meu caminho dentro dessa estrutura pop. Fui trazendo várias referências da minha terra, mas sem querer ser literal… Não queria partir pro sertanejo, mas queria que essas referências estivessem lá. Tudo foi muito bem aceito. Todos os ajustes, os synths, os arranjos, os instrumentos… Tudo foi muito bem discutido. Nada passou batido, nada foi plano B,” explicou a goiana.
Para Mel, o mais importante em “5 Estrelas” era que tudo coubesse nela: “O que era inegociável pra mim, e também pro Nave e pro Fejuca, era a gente chegar num resultado onde aquilo coubesse no meu corpo, na minha boca, que batesse sincero.”
Basta conhecer um pouco da trajetória e da vida da cantora para saber que ela conseguiu alcançar seu objetivo. No disco, nada ficou ao acaso e tudo reflete bastante quem é Candy Mel em todas suas nuances. “5 Estrelas” é, assim, um trabalho que conecta a infância, o brega, o sertanejo e a religiosidade:
“Eles (os produtores) conseguiram captar em mim um lugar que muitas vezes eu não conseguia enxergar: essa possibilidade dessa mistura inusitada entre o que é sofisticado e o que não é. Esse hi-lo é a cara do álbum. Faz muito sentido ter o profano, ter o sagrado, ter as minhas raízes impressas, porque ninguém pode fugir do que é… Nós não somos água e óleo. Tudo se mistura.”
O reencontro que acendeu a chama
Ainda que “5 Estrelas” seja uma realização absolutamente pessoal, o reencontro com a Banda Uó, que começou em 2024 com um show no festival Hopi Pride e rodou o Brasil, desempenhou um papel decisivo para que Candy Mel colocasse seu primeiro disco solo no mundo.
“O fato da gente ter tido o reencontro no ano de 2024 potencializou, acendeu a minha chama novamente”, revela. “Ver o público, montar o show, sentir frio na barriga… Tudo isso me fortaleceu ainda mais para o lançamento do meu álbum.”
Banda Uó. Foto: Divulgação
Muito além de um retorno aos palcos ao lado dos amigos Davi Sabbag e Mateus Carrilho, a turnê da Banda Uó serviu para Mel como um resgate:
“Tirei da frente muitas questões que ainda estavam enterradas ali nos anos anteriores. Tirei a minha insegurança artística solo também. Eu coloquei mais a minha cara no sol, me diverti muito mais durante essa turnê.”
Ela continuou
“O reencontro me salvou, ele me salvou artisticamente de todas as formas possíveis. A Candy Mel que se revela no álbum ‘5 Estrelas’ é uma pessoa mais leve, mais de bem com a vida, mais paciente consigo mesma. É uma Candy Mel que se entrega de verdade.”
A cumplicidade das parcerias: um presente compartilhado
As participações em “5 Estrelas” não são apenas encontros musicais, mas trocas amistosas que ampliam a força do disco. Desde o início do processo, Mel sabia quem queria ao seu lado:
“As parcerias foram escolhidas antes mesmo do álbum começar a ser desenhado. Eu tava querendo contar a minha história, e precisava entender quem eram as pessoas contemporâneas a mim, que estavam sendo as minhas referências naquele momento.”
Capa do álbum “5 Estrelas”. Foto: Ivan Erick
Liniker, MC Tha, Rico Dalasam e Jup do Bairro são, ao mesmo tempo, artistas que ela admira e pessoas com quem compartilha a vida, como explicou:
“A minha sorte é que eu tenho essas pessoas próximas de mim. É muito bom admirar os amigos, admirar quem tá perto de você. Isso foi a parte mais gostosa: saber que eles acolheram o meu trabalho, que fizeram questão de participar e construir tudo isso junto comigo.”
Mel se emociona ao falar dessa cumplicidade: “Eles contribuem por serem pessoas que eu me vejo em cada uma dessas participações. Eu consumo o trabalho de todas essas pessoas visceralmente. Além do amor, do afeto que existe entre nós. Isso tudo é um presente… um presentão.”
Cada colaboração deixa uma marca: Rico Dalasam entrega seus versos afiados na faixa “Tanto Pra Dar”, Jup do Bairro empresta seu grave nervoso em “Açúcar e Sal”, MC Tha brilha com sua caneta de ouro e voz doce em “Benditas” e Liniker inebria no bolero marcante e delicioso “Mil e Uma Noites”.
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Uma artista que se conhece e se entrega
“5 Estrelas” é o retrato de uma artista que aprendeu a se conhecer, a se acolher e, acima de tudo, a se entregar. “Esse disco só foi possível por conta de terapia e de ajuda profissional pra entender quem eu sou no meio disso tudo”, revela Mel.
Ela continuou:
“São narrativas que são dolorosas pra mim, como a questão do abandono, a distância familiar… Mas eu queria falar de tudo isso de uma forma sincera e ainda assim leve, pra não pesar o rolê de ninguém.”
Foto: Ivan Erick
O resultado é um disco que, como ela mesma define, é “aquoso”: fluido, vital, múltiplo. “A água fala de sexo, fala de fertilidade, de afeto, de rancor, de mágoa, mas também do que é imprescindível e do que compõe o nosso corpo em 70%,” explicou.
É com essa honestidade, intensidade e leveza que Candy Mel inaugura sua nova era, com a certeza de quem trilhou uma longa estrada e agora celebra, merecidamente, o momento de colocar seu primeiro álbum solo no mundo.
